sábado, 12 de maio de 2007

Fetiche

De onde estava só podia ver as sombras e era o que lhe bastava no seu imaginário pouco infértil. Aqui-acolá era capaz de ver os vultos, muito rápidos e obsoletos, mas nem fazia questão de lhos entender, preferia as sombras, preferia à sombra da dúvida criar a própria fantasia sexual.

Voyeur. Talvez a descrição perfeita, mas não gostava de ver, imaginar lhe bastava. Nem mesmo fazer era seu hobby preferido. Sempre pagava por algo assim, sem que percebessem ficava espreitando. Analisando e observando os casais dos quartos em frente. As janelas, muito bem posicionadas, as cortinas, levemente transparentes e a meia-luz.

Quem sabe fosse mais um desses perfeitos personagens de filmes americanos. Apenas quem sabe. Não era mais profundo que um pires e pouco importava. Gostava de ver e não de ser visto, não queria falar, nem conversar; mania que as pessoas têm de conversar durante o sexo, de perguntar.

Se ainda fosse virgem, assim se manteria. Muito mais prazeroso observar as sombras e criar. Era meio platônico, tudo no mundo das idéias era melhor. Sem as perguntas freqüentes da parceira, que chato. Mania de conversar.

Gostava de manter-se a distância segura, para ver. Apenas ver. Apenas os vultos. Tinha uma atração especial por sombras, pela forma como elas ampliavam a dimensão do ato.

Agora, poderia observar gratuitamente. Dois vultos. Não. Duas sombras. Assim, esticadas do chão ao muro, disformes. As sombras sempre aproveitam melhor. Elas sempre se tocam mais, elas sempre se encontram antes. Por isso gostava tanto das sombras.

Imaginava os rostos, as expressões e as palavras sussurradas, que não podia escutar, nem queria. Irritava-se com a insistência do casal, a música que ouvia nos fones já estava tão alta e ainda assim podia ouvir. Dessa forma não iria aproveitar.

Mania que essas pessoas têm de falar, de gritar. Prazer é para ser degustado, do mesmo jeito que se degusta uma música, uma pintura. Degustado, apreciado, com os sentidos do existir. Para quê gritar? Espantaria o prazer, se fosse um bicho.

Ainda assim, concentrava-se nas sombras. Imaginava duas mulheres: os cabelos e as (dis)formas, eram de duas mulheres, ou de um homem magro. Sadismo e muita selvageria, sim. Ele gostava de variar. Gostava de ser romântico, algumas vezes, e bruto, outras tantas, em suas relações visuais.

Em uma das três mãos que podia desenhar na parede, um objeto. E repetidos movimentos. Era um ponto alto, aquele. E gratuito! Ficou, aproveitando, enquanto uma das sombras sumia e a outra caía.

Na parede, nada. No chão, sangue.

12 comentários:

Anônimo disse...

uhiauhanifogfbouyguahiuehiuaehiaeh
adorei!!!
minina sadica e pervertida! ^^
perfeito \o\

Anônimo disse...

^^
Totalmente inesperado o final ^^

Gostei... gosto de finais assim ^^

Vc sempre melhora o que escreve ^^


Te amo e te adoro!!!!!

Ananda disse...

Ai,macabro!
Fazia tempo que vc nao escrevia contos assim tipo,com assassinatos e tal.
quebrou o esperado!
beijo,mragona!

Anônimo disse...

Me senti ofendido. u_u

Se a Bek não escreve nada, o que eu escrevo? =/


Adorei... macabrus... o.o

Anônimo disse...

Eita o.o

Unknown disse...

O.o

Esse conto foi Phodda!

E o lance das sombras é demais!

Claro que só poderia vir da Bek! XD

=****

Felipe disse...

* pareceu o ato final de grande sertão: veredas.

Taedium Vitae disse...

hIUShdiUAHSDIUHASidUHASiDUHSA

SUSPEITEI DESDE O PRINCIPIO!!!!

Anônimo disse...

Bem que estranhei um ser novo no meu blog.. .agora entendo q é amiga do 'pinheiro' rss...


Lendo me lembrou o ''mito da caverna''
rss estorieta divertida...

Anônimo disse...

rss é esse msm... e cabou achando o meu ..

Felipe disse...

ou. leia!

Rafael Castelo Branco de Oliveira Torres disse...

Hummm...

Nada de mais, se me permite... XP

Histórico


as primeiras ideias...