segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Crônicas.

Shopping ß. 17 horas e 20 minutos. Já estou andando por aqui há algum tempo, pouco mais de uma hora, e reparei que ela está sempre sozinha: lendo, pensando, observando... talvez analisando. Deparei-me com ela algumas quatro vezes, desde que cheguei, duas das quais ela falava ao celular – tentando convencer alguém a vir fazer-lhe companhia -, duas das quais ela segurava o celular entre as mãos e observava os transeuntes – com variadas expressões, o que me leva a crer na hipótese da análise – ou lia (estudava, acredito). Não posso deixar de tentar adivinhar o que ela pensa. Por que estaria sozinha e, ainda assim, aparentando estar tão acompanhada? Ela ainda não me notou. Estou já há algum tempo seguindo-a, de longe, mas não passei por sua vista como os transeuntes que ela analisa com seu aspecto de escritora (Talvez esteja pesquisando estereótipo para alguma crônica – e quem acaba sendo vítima, ou musa, de uma crônica é ela!).

Mesmo shopping. 17 horas e 50 minutos. Acho que ela, finalmente, encontrou o lugar perfeito: umas mesas em um Café, de frente para a escada rolante. Já está sentada há algum tempo, olhando. Brilhando. Pensando. Vira e meche, ela olha o celular. Ainda não me notou. Penso em ir me juntar a ela:

- Oi, posso me sentar aqui com você? Eu perguntaria.

Ela iria sorrir, desconcertada, olhar ao redor. Iria notar que todas as mesas estão vagas. “Como?” ela me perguntaria, achando não ter compreendido bem. “Se posso me sentar aqui.” Responderia puxando a cadeira; com essa atitude minha, ela sorriria, incrédula, apenas, e se limitaria a responder monossilabicamente a todos os meus comentários, até que nos sentíssemos à vontade e eu pudesse me apresentar, perguntar seu nome e beijar sua mão – ela é romântica, analisa as pessoas. Talvez conseguisse seu MSN e seu telefone celular. Entretanto, acredito que teria que encontrar seu perfil no Orkut, porque ela não me informaria e-mail ou telefone. Ela é romântica; reservada, analisa as pessoas. Ela iria me analisar e depois me engavetar junto com todos os ilustres desconhecidos. Até que eu deixasse de sê-lo. Poderia mesmo fazer isso agora.

Mesmo shopping. 18 horas. Estou começando a achar que ela é impulsiva. Assustei-me quando, em fração de minutos, ela retirou um bloco da pasta, um estojo da bolsa e endireitou-se para escrever; guardou o bloco, guardou o estojo, contou umas moedas, levantou-se e seguiu em seu passo reto e firme – ela é geniosa. Assustei-me com a rapidez disso e a perdi de vista. Resolvi descer para lanchar no supermercado e não mais a vi. Esse foi o meu primeiro sábado do ano de 2007.

Domingo. Minha casa. 8 horas e 30 minutos. Faço um pouco de café, passo manteiga no pão carioquinha da noite anterior. Sento para lanchar e abro o caderno de cultura. Bebo um ou dois goles de café – que queima a minha língua – enquanto leio, inadvertidamente, a primeira página. Desisto de ler os informativos de arte e parto para as colunas de crônicas e opinião. Uma excelente leitura , afirmo de passagem, – gosto muito de crônicas -, gosto de ler na ordem em que as crônicas aparecem e minha cronista preferida povoa a última página. Esqueço que estava tomando café e ele esfria – horrível o gosto do café frio. Resolvo guardar o jornal e preparar mais um pouco de café. Já estou um pouco atrasado para o jogo. Engulo de um gole apenas o novo café – que queima minha garganta – e saio.

Domingo. Minha casa. 21 horas e 5 minutos. Retomo a leitura do meu jornal, já no final do dia. “Olhares desconhecidos”, é esse o título de sua crônica. Um shopping, várias pessoas impessoais e um constante observador – um perseguidor, quase. Ele a analisa sem notar que está sendo analisado – como a maioria das pessoas. Esse alguma-coisa que ele transmite a faz baixar a guarda e esperar que ele se aproxime, mas ele não parece notar. Talvez seja mais um observador, talvez não. Ela finaliza com uma pista sobre como a encontrar. Pista que só o Constante Observador perceberia.

Domingo. Minha casa. 22 horas. Com licença, preciso fazer uma ligação.

13 comentários:

Anônimo disse...

Continuo impressionado com seus textos... e incrédulo pelo "mal-trato" dado a você pelo jornal...

Pelo que entendi ele pegou o telefone da mulher... :P

Besos,

Te amo e te adoro!

Anônimo disse...

Segunda-feira, 14 horas e 40 minutos - Ele olha constantemente para a tela de seu computador, parece fixado em alguma coisa, talvez mais um informativo, talvez seja simplesmente seus recados no orkut, talvez até mesmo seja simplesmente o constante tédio que o faz ficar ali parado... Ele corre os olhos pela tela, hávido por cada palavra, devorando até a última letra e absorvendo cada um dos múltiplos sentidos, cada uma das várias lições. Ele sabe o que há do outro lado... Arrisca a dizer até mesmo que ela espera por ouvir um comentário sobre aquilo tudo, não que ele seja de alguma forma importante ou não, ou talvez que ele seja especial... Ele simplesmente sabe que ela deseja ouvir comentários sobre.

Segunda-feira 14horas e 43 minutos - Ele termina a leitura e faz algumas conjecturas sobre o que falar sobre aquilo, sabe que deve ser verdadeiro e que é importante para ela... Ele se prepara um pouco e começa a digitar algo que expresse sua admiração.

Anônimo disse...

Minha mainha tem talento!

(h)

Como ele descobriu o telefone dela?

Beijos!

David Herculano disse...

Hohohohhoohh

Assim como são as pessoas, são as criaturas!

Muito legal! =) Beijão!

Anônimo disse...

Terça-feira 17 horas e 25 minutos. Estava diante da tela branca e sem graça do meu computador qdo subiu a plaquinha do msn: "vc recebeu uma nova mensagem de bekxavier@hotmail.com"(se não me engano...)...lá fui eu novamente abrir os e-mails!
Como de costume, vc avisava q seu blog estava atualizado, e eu mto preguiçosamente, só entrava, lia rapidamente e saia sem deixar registros, mas dessa vez teve alguma coisa q me fez parar e ler o texto até o fim!
E não me arrependi! Mto bom cara!!! Bom mesmo de verdade! Vou voltar td vez agora, e ler os textos bem direitinho, do começo ao fim, e deixar comentários! =]
te adoroooo!!!
vê se aparece às vezes viu?!

bjoooo

Anônimo disse...

So pra constar que eu li, e vc nem precisou me pediiiiiiiir =P
hieieuaiaeiaeiaehie

Anônimo disse...

Uma das melhores até agora.

Ananda disse...

ameeeeeeeeeeeeeeeei!
nao eh de se surpreender q esteja fantatico o texto!
mt boooooooooooooom!mt estilo!
beijo lindona!



miss ya.=]

Karoline disse...

Lindaaaaaaaa...eh isso msm q vc tem q fazer...e nao duvide disso nao!!!

Anônimo disse...

Maravilhoso!!!
Você é PHODDA maninha, sério!
Amei!
=********

Caio M. Ribeiro disse...

Porque não se pode só elogiar, mas você sabe queu lhe amo.

Eu não gostei dos itálicos, nem do título.

Ah, cara, eu gostei da estrutura, dos ela-é, do final, da elucubração dele tomando lugar da ação.

[]'s, baby.

David Herculano disse...

Atualiza?

Unknown disse...

*-*

Histórico


as primeiras ideias...