sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cante para mim

Klint

[...]

A luz que entrava na sala era essa que invade as frestas com uma suave sensação de frescor, de sono satisfeito, embora ainda dengoso. Clara. Invasiva. Ainda que discreta. Em tudo havia um pouco de Amália. Em tudo havia Amália. No sussurro da manhã e na luz que acordava os cantos orvalhados do jardim, este, também, repleto dela.

... e, num suspiro, desejou o mundo todo além da sala: a vida inteira se derramando cristalina pela grama... os insetos nos canteiros... e o trinado distante dos pássaros nas copas dos pés-de-jambo. A poesia da manhã que começava a desvendar-lhe os ouvidos descrentes... sentiu falta da música.

- ...não me sinto vivo. Aí gemo.

Foi o que respondeu à mulher, naquela manhã.

Ela, num deslize, deixou que um olhar o questionasse o beijo apenas de leve correspondido. E tocava-lhe o corpo, penteava-lhe os cabelos, abraçava-o, beijava-o a pele limpa.

- Sinta.

[...]

2 comentários:

Unknown disse...

Eu gostei.. tô relendo.. eu gostei!:D

Eliézer Araújo disse...

Coisa mais bonita de se ler e ver e reler *-*

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as primeiras ideias...