domingo, 20 de maio de 2012

1.


De manhã cedo, deitado no sofá - pernas entrecruzadas alongando o corpo, mãos perdidas no espaço, esquecidas, paradas, vivas - olhava sem ânsia os móveis da sala, invadidos de luz e sombra de maneira calma e incontida, como estivesse aos poucos nascendo - a luz vindo à luz. Enquanto a mulher limpava ligeira o quarto, imaginando o quão desconfortável poderia estar ele, largado no sofá, por mais almofadas que lhe estivessem disponíveis. Enquanto a cadela, com a cabeça apoiada em seus chinelos, respirava suavemente o amadurecer da manhã. Enquanto a empregada cuidava nas panelas do almoço, largando pela casa toda o vapor gorduroso do cozido. Enfim, enquanto a vida inteira acontecia finalmente silenciosa, ele observava a sala.

de Cante para mim, enquanto fecundação em pleno orgasmo.

2 comentários:

Fernando Favero disse...

E precisa de mais imagem?

Revista Pechisbeque disse...

Tu enrolou a gente né Rebeca?

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