De manhã cedo, deitado no sofá - pernas
entrecruzadas alongando o corpo, mãos perdidas no espaço, esquecidas, paradas,
vivas - olhava sem ânsia os móveis da sala, invadidos de luz e sombra de
maneira calma e incontida, como estivesse aos poucos nascendo - a luz vindo à
luz. Enquanto a mulher limpava ligeira o quarto, imaginando o quão
desconfortável poderia estar ele, largado no sofá, por mais almofadas que lhe
estivessem disponíveis. Enquanto a cadela, com a cabeça apoiada em seus
chinelos, respirava suavemente o amadurecer da manhã. Enquanto a empregada
cuidava nas panelas do almoço, largando pela casa toda o vapor gorduroso do
cozido. Enfim, enquanto a vida inteira acontecia finalmente silenciosa, ele
observava a sala.
de Cante
para mim, enquanto fecundação em pleno orgasmo.
2 comentários:
E precisa de mais imagem?
Tu enrolou a gente né Rebeca?
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