quarta-feira, 21 de abril de 2010

Poema de amor

Gosto muito mais daquela folha que cai
do alto de uma árvore e vai povoar o chão húmido.

Gosto muito mais da sombra mentirosa
que a cadeira do bar lança na parede suja.

Gosto muito mais do pedaço diminuto de pão
que vai na cabeça daquela formiga ali, cansada.

Ainda mais da cachaça com limão e da cerveja quente
que me ferem a garganta e me ajudam a gritar.

E é só. Gosto dos detalhes não-transitórios.
Gosto das persianas perto das quatro da tarde.

Gosto ainda mais da luz das quatro da tarde
que passa pelas persianas e brinca com a poeira.

Gosto do silêncio das conversas e do samba
e daquele violão consertado.

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