segunda-feira, 2 de abril de 2007

*sem título*

É estranho não saber o que se sente quando tudo acaba. Tudo acabou e eu continuo seguindo, seguindo, sem acabar. Na realidade, o estranho é já se ter dado o assunto por encerrado e só agora ele parece que, de fato, chegou a seu termo final. Será isso possível ou a sociedade que me habita se perdeu na Terra do Contrário, um País de grandes maravilhas maravilhosas que minha parte menos viajante não consegue compreender? Alice? Alice, onde você se meteu, menina? Espere por mim! Oh, será que foi por aqui? Mas a porta é tão pequeeeeeeeeeeeeeeeee...eeeeeeena......

Eu escorregou em algum lugar por esse Lugar-louco. Depois o procuro, ainda estou tentando compreender tudo o que me explicam minhas personalidades outras, que não saíram endiabradas em busca de uma garota louca que disse ter visto um coelho branco falante! Ora, venhamos, onde essa garota pensa que está? Em uma fábula? Eu já tenho tantas rainhas de copas gritando pela minha cabeça, para ainda ter que procurar uma menina desobediente e uma personalidade desgarrada. Não me farão falta, garanto. As personalidades já me são tantas que, às vezes, penso ter que tomar medidas quanto ao controle de natalidade! Talvez uns preservativos.

As coisas, sons, movimentos, luzes e créditos, giram ao meu redor: um mostruário psicodélico e extasiante de tudo o que me acontece, tudo o que me pesa, tudo o que me cansa, tudo o que me cobra, tudo que tudo de tudo. Tudo? Voltas e voltas e tudo, tudo. Essa palavra existe? Existe e se aglomera na minha nuca, empurrando-a.. Para onde? Não acredito que ela esteja no lugar errado. Já tem tanto deslocado. Talvez só queira chegar aos pés da maneira mais confusa. “Tudo” e “fim” povoam as idéias das minhas idéias. Enfim um ciclo se fecha? Outro e outro que por tantos séculos vou inaugurando e falindo.

Não sou um ciclo. Sou uma vida em espiral, ou uma mola, algo que nunca sai do lugar. Entretanto uma mola sai do lugar. E que vida sou eu então, eu e meus eus, os eus dos meus eus que me povoam e seus filhos e gerações de confusões? Essa de cabelos vermelhos ainda não foge de mim. Continua dormindo aí, de olhos abertos, pintados, como uma boneca. Tenho um rosto desenhado. Tenho modos desenhados. Perguntas e respostas desenhadas. Alice, o coelho foi por ali. Se encontrar Eu, diga que a reunião da Assembléia já vai começar: precisamos decidir sobre controle de natalidade, ciclos, molas e espirais.

Fim. Confuso? Habite-me.

7 comentários:

David Herculano disse...

A vida é uma mola, gira no mesmo lugar, mas nunca dá no mesmo canto.

Gostei da metáfora...

Habito!

Eder Gouveia disse...

E eu que achava que era um único que escrevia em metáforas. Geralmente estou de porre quando escrevo, preciso reviver tudinho pra conseguir decifra-la rs.

Beijos.

Ei, me dá um beijo e R$10,00?

Anônimo disse...

Meaforicamente embriagado, estou agora.

Perséfone Weber disse...

Tua neta também veio com esse papo de mola depois que leu a Insustentável Levesa do Ser. Mas eu amo vcs duas mesmo assim \=*/

Anônimo disse...

Eu sou confuso... mas não quero te habitar... ><

Tá... quero te ver sempre por perto ^^

O texto tá mto bom, marca sua já... ^^


Te amo e te adoro!

ouviuasparedes disse...

esse texto tá tão subjetivo e tão intenso !

Caio M. Ribeiro disse...

"Tenho um rosto desenhado. Tenho modos desenhados" ecoou lá em "sorrir seu sorriso pintado", daquela Odalice-boneca de antes.

Histórico


as primeiras ideias...