Naquele dia, eles almoçaram em um restaurante. O pai estava triste e não conseguia imaginar um modo de passar ao seu filho sua decisão, sem que o magoasse ou marcasse demais. Não conseguindo expressar-se em local tão movimentado, resolveu levá-lo para um passeio na praia.
Haviam se mudado para uma cidade costeira, há alguns anos, após o divórcio. Gostavam do marulho, do ir e vir das ondas. Gostavam de longas horas na imensidão azul, esquecidos do tempo e da vida. Gostavam da brisa e do pôr do sol, principalmente, deste quando o mar parecia apagar lentamente aquela grande bola de fogo e podia-se até ver a fumaça se espalhando pelo céu.
O filho, adolescente, ainda era muito jovem e poderia não compreender os motivos que levaram o pai a decidir-se de tal forma. Um clima tenso pairou entre os dois, o ar parecia parado, mesmo com o vento forte que lhes assanhava os cabelos. Caminharam na areia, os pés dentro da água, por algum tempo, sem dizer palavra alguma.
Ambos olhavam o mar, mas não viam a mesma paisagem. O que o filho via era a imensidão que sempre o encantara, aquele manto azul que parecia o convidar a um mergulho. Enquanto o pai, esse via à sua frente mais um contra-ponto à conversa que deveria acontecer, sentia um amargo no começo da garganta e a dignidade não o permitia encarar o horizonte por muito tempo, como se pudesse ser castigado por profanar tão sagrado templo; fixava o olhar na areia observando a espuma das ondas, tentando encorajar-se.
Já estava entardecendo e os dois sentaram-se para apreciar o crepúsculo, como sempre faziam, na areia da praia. O rapaz levantou-se resignado e saiu sem olhar para seu pai. Voltou para casa e trancou-se no quarto, sem lágrimas nos olhos. Sentia vontade de chorar, de gritar, de quebrar tudo, mas não conseguia ter qualquer reação, estava atônito, ainda tentando digerir as palavras do genitor.
Deitou-se na cama e olhou para o criado-mudo, onde se encontravam um livro e uma caneta. Pegou o livro, o título pareceu ecoar na sua mente sem qualquer significado. Sem refletir, ainda sem qualquer expressão no rosto, pegou a caneta e perfurou a própria garganta. Um ferimento tão letal quanto seu icógnito sentimento de raiva.
6 comentários:
O.o
pobi do moleke...
a noticia deve ter sido muito ruim mesmo, hein...
caramba
gostei, Bek! >D~
;***************
p.s. nao da pa comentar no outro blog ;***
Mas, mas.. O que diabos o pai falooou?!?!
Isso não se faz ¬¬
Pesado, hein, Bek?
Puxa...
Tbm acho que podia ter ficado algo sugerido, mas foi interessante o texto aberto...
Beijos!
Fiquei curiosa. O que teria esse pai dito a esse filho ??????????
Hem ?????? hem???????
Agora eu quero saber. Me diga ou... Diga´-me, você escolhe.
O_O
Também quero saber o q o pai falou pro filho! Diga que vai ter isso no próximo texto, diga! Por favor!
*fofitude*
=P
Ah, mais uma vez um belo texto, maninha!
=*******
maxu, deixa so um blog mesmo! teus textos sao legais e devem ir para um fanzine!!!
bjs
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